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Livro "Reflexões Sobre a Música Gospel Brasileira: Um Olhar Crítico", de José Ruy P. de Castro

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José Ruy Pimentel de Castro, ou Zé Ruy, é vice-presidente do Instituto Política Global, professor, músico, cantor, compositor e poeta. É bacharel em Relações Internacionais pela UVV, licenciado pleno em Letras-Inglês pela UFES e mestrando em Relações Internacionais pela UNLP (Universidad Nacional de La Plata/Argentina). Autor do livro de poesias "Tricotomo", pela CBJE, e do livro "Reflexões Sobre a Música Gospel Brasileira: Um Olhar Crítico", pela Oxigênio Books em parceria com a Arte Editorial. Seu nome artístico em suas obras musicais é Zé Ruy e sua última obra foi lançada em 2008 intitulada "Será Que Existe Alguém Pra Nos Salvar?". O artista faz parte do cast da gravadora Oxigênio Records.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

ENTREVISTA: JOSÉ RUY PIMENTEL DE CASTRO

- Sobre as canções do evangelho capenga -

Entrevista: José Ruy de Castro Pimentel
Ele é professor, músico, cantor, compositor e poeta. Seu trabalho está baseado em três premissas: cantar o que gosta; cantar o que evangeliza e cantar o que reforma. O trabalho musical de José Ruy Pimentel de Castro está estreitamente vinculado ao Ministério Novo Canto, do qual foi líder durante anos, auxiliando o Ev. Geciel Santos.

Nessa conversa com a revista Comunhão, José Ruy fala das idéias que defende em seu recém-lançado livro, "Reflexões sobre a música gospel", onde leva o leitor a pensar o que seria, de fato, uma música evangélica e qual o papel que os músicos cristãos deveriam estar exercendo em prol da evolução espiritual dos crentes.


Produzido em dezembro de 2009 e lançado em janeiro de 2010 pela Oxigênio Books, em parceria com a Arte Editorial, o livro já contava com exemplares vendidos antes mesmo de sair da gráfica e é distribuído para todo o país, podendo ser adquirido através do site www.arteeditorial.com.br. O autor mantém um blog onde dá continuidade à discussão sobre os temas tratados na obra. Atualmente, José Ruy está em busca de parcerias para concretizar seu segundo álbum fonográfico. Seu trabalho musical pode ser conferido no site www.myspace.com/zeruy .


Comunhão: O que o motivou a escrever e publicar o livro "Reflexões sobre a música gospel brasileira"?

José Ruy: Eu costumava comprar muitas publicações sobre música gospel, como "O Levita", "Jubilão" e "CCM Magazine". Todas elas traziam como brinde CDs com canções ‘gospel'. Assim, verifiquei uma mudança nas mensagens e nas tendências da música dita gospel, mudança essa que, creio, a levou a ser música muito mais de gênero do que efetivamente cristã. Sendo assim, o livro é minha tentativa apaixonada de alcançar pessoas que possam fazer uma reflexão crítica a respeito daquilo que estão cantando e que possam, a partir dessa reflexão, agir para que possamos ter no Brasil uma música mais cristã sendo feita e ouvida.


O que você espera, efetivamente, a partir da publicação do livro?
Espero ser um agente desconstrutor de tudo aquilo que foi feito na primeira década desse novo século, a qual, para mim, pode ser chamada de ‘década perdida' na música cristã, assim como os anos 80 foram chamados de ‘década perdida' na economia. Muito pouco em contribuição para o Cristianismo poderá ser tirado dela. Os temas das músicas gospel são efêmeros, seguem os modismos mais recentes, os jargões mais populares... É apenas uma designação de gênero musical para se encaixar em termos mercadológicos criados por músicos cristãos para evidenciar canções evangélicas. Resumindo: espero que a música consumida pelos cristãos seja mais cristã! Espero que o meu livro alerte a todos sobre a necessidade disso.


Como você avalia que deverá se configurar o mercado fonográfico cristão brasileiro com a entrada e atuação da Sony e outras gigantes seculares do setor? Isso será bom ou ruim para os músicos e para o público?
Eu vejo com olhos muito positivos. Isso trará uma maior profissionalização e maior oportunidade para artistas cristãos e/ou gospel. A tendência é que esse mercado leve ainda outras gravadoras seculares a criarem selos gospel, assim como já é feito nos EUA há algum tempo. Isso acontece porque a pirataria é menor no meio gospel, devido ao respeito a princípios éticos e morais por parte dos cristãos. Para o público, espero que tudo isso se transforme em produtos mais baratos. Apenas, do mercado não haverá qualquer tentativa de modificar a mensagem gospel, que faz tanto sucesso. Isso tem de partir, portanto, da igreja, músicos e ouvintes da música gospel. Se quisermos uma música gospel mais cristã, teremos, como igreja, de fazer a nossa parte.


Você defende que é preciso discernimento quanto à mensagem trazida pelas músicas que se ouve, e não a orientação por rótulos (música cristã x secular). Por outro lado, aponta a generalizada falta de espírito crítico e de suficiente conhecimento bíblico para tal. Como sair dessa situação?
Precisamos de cultura, maior incentivo à leitura, conscientização da importância disso para uma sociedade melhor e também investimento governamental em áreas essenciais. Creio, entretanto, que a maioria das pessoas não exerce o espírito crítico não por escolarização pouco adequada ou falta de inteligência, mas devido a não serem incentivadas a agir assim. É aqui que posso apontar o encontro do tema do livro, música gospel, com o que é pregado em nossas igrejas. Aquelas cujos crentes são passivos, cuja maioria não vai à Escola Bíblica, ou que não a possuem estruturada, que vêem a crítica construtiva como ‘ir contra o ungido de Deus' (sendo que a crítica sempre foi tão importante para o Cristianismo reformado), igrejas que desejam um povo homogêneo para obter maior controle dos fiéis, essas não fomentam o senso crítico. Para sair disso, é preciso deixar de ‘divinizar' o ser humano, as músicas e o que se faz dentro da igreja. A igreja universal possui como cabeça a Cristo, a igreja local possui como cabeça os seus líderes (que podem ou não estar ligados ao cabeça da Igreja, Cristo).


Como tornar a música um instrumento de evangelização mais eficaz?
A evangelização é eficaz se a mensagem for eficaz, por isso temos de resolver o problema das mensagens da música gospel. Uma música segundo o gosto das multidões, como é feita hoje, só integra às nossas igrejas mais freqüentadores, e não cristãos genuínos. Uma música que evangeliza eficazmente é aquela que mostra ao pecador a necessidade de sua salvação, sua condição miserável diante de Deus e a graça do Senhor revelada através de Jesus Cristo. Se os artistas estiverem fazendo músicas com jargões e modismos, para as quatro paredes da igreja e para ‘crentes', estarão se separando da sociedade e nunca estarão aptos a alcançá-la com suas mensagens. Por isso, acredito que uma boa forma de evangelização é inserir mensagens cristãs em gêneros musicais que não necessariamente sejam gospel. O músico cristão tem de começar a contribuir para o Cristianismo também dessa forma.


Como as lideranças evangélicas poderiam direcionarem melhor o louvor nas igrejas?
O louvor comunitário a Deus deve ser atemporal, desprovido de condições ou necessidades atendidas. O louvor tem de ser teocêntrico. Esse é o melhor louvor, aquele que louva a Deus por Seus atributos, que nunca mudarão: sua dignidade, sua honradez, sua santidade. Não importa se eu vou vencer, se meus inimigos vão se envergonhar com minha vitória, se eu vou triunfar. Não era esse tipo de canção que os cristãos primitivos cantavam quando eram destroçados por leões nas arenas do Coliseu. Eles tinham os olhos postos no Céu! A principal falha da liderança é não reconhecer isso. O antropocentrismo de nossos cultos, teologias de prosperidade e triunfalismo nos fazem louvar a nós mesmos, nossas conquistas e nossas posses.


Como os ministros de música poderiam contribuir para isso?
A análise crítica das canções que entoamos é fundamental para que se exerça melhor esse papel. Há coisas populares que podem e devem ser usadas também se não trouxerem meias-verdades ou equívocos em suas mensagens. O parâmetro é sempre a mensagem. Seria ideal que cada ministro de música pudesse designar pessoas sob sua liderança, como numa pequena comissão, para selecionarem as músicas a serem tocadas dentro da igreja.


Em seu livro, você propõe que a igreja e os evangélicos promovam uma nova reforma e reconduzam ao centro das vidas o verdadeiro Evangelho. Como a música e os músicos podem contribuir para isso?
Justamente exercendo a sua criticidade, avaliando as coisas que estão sendo feitas e suas próprias ações à luz das Escrituras. Não podemos aceitar em nossas igrejas padrões e modismos que sejam opostos às Escrituras, e aquilo que estiver contra as Escrituras deve ser criticado. A música poderá exercer seu papel na ‘igreja reformada sempre se reformando' na medida em que os músicos estiverem compromissados com esse princípio, fazendo músicas que insiram novamente a Palavra de Deus como única fonte de nossa fé.


Como você definiria adoração? Ela só se dá através da música? Fale um pouco sobre isso.
Adoração hoje é comportamental. O padrão mudou após a vinda de Cristo para morrer por nós. A adoração sacrificial foi substituída por um estilo de vida santo, que agrade a Deus. A adoração é muito maior que a música. É feita em todo tempo através do elo que temos com Deus por meio de Seu Espírito derramado sobre Sua igreja. A música é apenas mais uma forma de potencializar nossos momentos de adoração em períodos que chamamos especificamente de louvor, no âmbito individual ou em comunidade.


A que você atribui a resistência de algumas igrejas em aceitar a dança como expressão de adoração? Qual a importância dessa questão hoje, já que as igrejas tradicionais cresceram sem levá-la em conta?
Atribuo a duas coisas: fundamentalismo religioso e decepção com exageros. Essa é uma questão importante, porque fechar-se no fundamentalismo religioso pode se tornar doentio para uma comunidade e desfocar a visão da essência do evangelho. Já os exageros nas danças observados por aí, como movimentos sensuais e momentos de ‘êxtase' espiritual, desacreditam a dança diante dos nossos líderes eclesiásticos. Espero que essa barreira caia, pois realmente creio que a dança possa ser usada como expressão de adoração nas igrejas.


Como avalia a igreja evangélica brasileira hoje?
Creio que a igreja evangélica brasileira é uma igreja com vocação e responsabilidade missionária. É uma igreja forte, e que possui um real desejo de se parecer mais com Cristo. Falta, entretanto, maior base bíblica para isso. Nossos esforços e toda nossa força como igreja têm sido postos em coisas que nunca vamos conseguir, como orar para o fim do carnaval ou mudar nomes de lugares batizados com nomes de santos... Não temos feito a diferença na sociedade naquilo que tange a valores e princípios, não temos feito muita diferença para mudar a situação de assombrosa violência em nosso país e não temos feito muito para combater a corrupção. Acho que um redirecionamento de nossas forças e virtudes para pontos mais importantes é essencial.


Reflexões Sobre a Música Gospel Brasileira: Um Olhar Crítico

O livro de José Ruy de Castro busca fazer uma análise da evolução da música dita gospel particularmente da década de 80 em diante. Questões como o conceito de música gospel, a importância da mensagem em detrimento do estilo e o papel dos músicos cristãos na evangelização estão no foco do autor. É possível adquirir a obra no site da Arte Editorial (www.arteeditorial.com.br), que o distribui para todo o país. José Ruy mantém um blog para dar continuidade à discussão dos temas tratados no livro com todos que tenham interesse. O endereço é www.reflexoesmusicagospel.blogspot.com .

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